Ao apresentar seu projeto para o Parc de la Villette, Bernard Tschumi imaginou uma grade de “loucuras” posicionadas no território urbano sobre uma malha quadrada regular, chegando a sugerir que essa malha poderia proliferar e se estender por contágio a toda a capital…

É a essa ideia onírica de desenvolvimento urbano que o projeto da Galerie Gaité presta homenagem, dando continuidade a esse sonho: foi de fato uma “loucura” vermelha que construímos como entrada para esse centro comercial, instalando um jogo geométrico de volumes que se interceptam. Um cone encontra um diedro de vidro, desenhando em sua interseção uma marquise elíptica inclinada diante da entrada da galeria.

Loucura dura apenas uma estação… O projeto está destinado a ser demolido. Mostrá-lo e comentá-lo aqui é uma espécie de homenagem pré-póstuma. É preciso ter conhecido esse centro comercial em sua configuração anterior para compreender o sentido do projeto que construímos. Apesar do aumento relativamente limitado da área ligado à construção, trata-se aqui de um projeto urbanístico, visando restabelecer o alinhamento da Avenue du Maine ao criar uma entrada para um centro comercial que antes não tinha nenhuma. O conjunto imobiliário onde se situa o centro, construído nos anos 1970, não julgou necessário respeitar o traçado da rua, de modo que o espaço exterior próximo perdia toda legibilidade.

A construção respeita os códigos desenvolvidos por Bernard Tschumi na Villette: cor única vermelho-carmin e uma simplicidade de forma acompanhada pelo uso de elementos formais espetaculares.

O interior do centro comercial desenvolve uma arquitetura pensada para respeitar o desejo do cliente de inscrever-se em um espírito popular e em sintonia com a principal locomotiva do centro, a loja Tati. Para responder a essa demanda, escolhemos uma arquitetura “pop”, colorida, vibrante, rica em formas e propositalmente deslocada em relação aos hábitos. O piso é uma resina bicolor moldada; os pilastras e paredes azuis e verdes contrastam com pilares amarelos vivos perfilados como asas de avião. A balaustrada dos vazios é uma pequena obra-prima artesanal, pois o corrimão é fabricado com um tubo de aço polido de quinze centímetros de diâmetro moldado em forma sinusoidal — nada fácil!