Em Betton, ao norte de Rennes, estamos no coração do bocage: uma paisagem de pastagens marcada por sebes densas e caminhos afundados ladeados por árvores altas. Essa paisagem vem sendo mordida em suas bordas por novos edifícios comerciais, que transformam a percepção geral do local. Assim, cada nova construção atua como um “intruso” nessa natureza agrícola trabalhada pela mão humana, percebida através dos alinhamentos vegetais e dos percursos e passeios que os margeiam.

Escolhemos assumir nossa intrusão na paisagem e construir o novo centro comercial na forma de uma “nave espacial”, um disco voador vindo de outro lugar, que teria escolhido pousar no meio dos prados. Para alcançar esse efeito, preservamos cuidadosamente a paisagem existente, sem modificar nada além da área de implantação das construções. O efeito de “aterrissagem” do projeto é, assim, completo, e pela força do contraste valoriza o local onde se instala. Uma nova história pode começar, sem esquecer a antiga.

As formas e os materiais do projeto estão naturalmente a serviço dessa história: em um plano geral elipsoidal, inscrevem-se todos os elementos construídos do projeto, sejam os edifícios ou os estacionamentos. O conjunto é construído em aço e adota fachadas curvas e arredondadas, cuja relação com a estética aeronáutica é evidente. Existem poucas cores dominantes na composição, exceto o aço polido, que reforça o caráter “mecanicista” da obra.

Colocado como uma nave na natureza, o projeto também se abre a ela: o acesso principal é criado integrando um grande bosque de árvores altas já presentes no local, de modo que o percurso dos clientes que caminham rumo ao centro se assemelha a um passeio pela floresta.